segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Cinquenta anos se passaram e eu sigo sofrendo.

E quando eu cheguei la e tive de encarar os olhos de Deus, não que realmente fossem, mas eu preferi acreditar que eram, pois nunca vi (senti) presença tão imponente como aquela, luzes fortes que invadiam meu corpo, que não era mais corpo, foi quando eu percebi que eu era apenas energia, que se sentia ofendida por uma outra energia que me atravessava e causava um misto de dor e prazer como se o objetivo não fosse causar nenhum dos dois, me fazendo sentir cada vez mais minúsculo em relação aos olhos de Deus. E nesses momentos nós não temos muitas escolhas a não ser enfrentar a ira de Deus sobre nossos pecados, pelo menos era o que as outras almas comentavam, e depois receber nosso castigo ou perdão, ou ficar tão amedrontado e tão acovardado de fugir dali para qualquer lugar o mais longe que consiguir até que perca toda o seu brilho e todo o resquício de alma, se transformando num fantasma, num espírito errante e perdido que aos poucos perderá sua memória e tudo que amou, vai se esquecendo como se nunca tivesse existido. É e foi isso que eu fiz, fugi, fugi, fugi, até chegar aqui onde jazia meu corpo nú, pronto para ser ajeitado. Foi cruel o que fizeram comigo em vida, mas doia mais ver o que fizeram comigo em morte. Resolvi ficar por aqui e coexistir, como se em mim houvesse vida suficiente para viver entre os vivos, até que eu me esqueça da dor e do sofrimento. Cinquenta anos se passaram e eu sigo sofrendo e lembrando de cada segundo dessa morte..

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